segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lobotomy

Dentro da garota há uma linha, uma berlinda, uma divisão entre bem e mal. Criam-se dúvidas, questionamentos e incertezas. Em volta há uma parede, construída pelo oitavo pecado capital: o medo. Como Dante em um sonho lúcido, ela passeia entre o céu, inferno e purgatório. Nestas viagens ela tenta buscar a solução para suas perguntas. O que dificulta é ter mais de duas alternativas. Quando se tem duas opções, resolve-se no par ou ímpar. Cada pergunta tem uma infinidade de respostas possíveis. Cada escolha tem centenas de conseqüências. Todo passo tem milhares de desconhecidos julgadores. Por uma fantasia qualquer, este muro foi levantado. Derrubá-lo, seguir adiante e aceitar seus defeitos e qualidades é tortuoso, mas necessário. Agora, a garota percebe que a mente faz seu corpo de escravo, elege suas principais vontades e a noite ela não consegue dormir. Suas ações são movidas por egos, demônios de Dante. É como se ela mesma sempre parecesse outra pessoa.

Além do bem e do mal, quantas ela poderia ser nela mesma?

E... QUANTOS você pode ser?

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inspirações

Em um aeroporto na Grécia, aguardando o próximo vôo para a Itália, avisto aquela tabacaria. Faz tempo que larguei o vício do cigarro. Minha vontade era ir até ali apenas para sentir o cheirinho do cigarro e café. Logo, meus pensamentos se perdem e me remetem para um dos melhores contos de Stephen King: Ex fumantes Ltda. É, acho melhor não fumar.
Decido então, apenas escrever meus devaneios enquanto aguardo a chegada do avião. Poderia fazer este trajeto a pé, tão grande é minha ansiedade. Se eu pudesse ver meu cérebro, observaria vários compartimentos de pensamentos, várias linhas que se cruzam e algumas se ligam. Veria que em algum lugar, penso nas pessoas petrificadas que vou visitar assim que meu vôo chegar. Balanço a perna ansiosa. Não sou acostumada a ficar parada. Stephen King poderia escrever algum conto ou livro a respeito destas famílias que morreram com a erupção do vulcão Vesúvio. Como pode, pessoas de carne e osso virarem pedra? Curioso, viveram na região sul da Itália, local que pertenceu a Grécia Antiga. Teria a Medusa passado por ali? É, Stephen King poderia escrever a respeito.
Medusa continua tendo serpentes na cabeça e somente alguém tão evoluído quanto Perseu poderia matá-la, afinal, nós mortais, ainda não somos livres dos sete egos que estão expostos na cabeça de Medusa e prontos para nos fascinar e deixar-nos paralisados.
Eu poderia encarar a Medusa, se fosse capaz primeiramente, de encarar minha imagem, com qualidades e defeitos, no espelho.
A Conquista do Espelho. Variações de um mesmo tema. Engenheiros do Hawaii, banda gaúcha que nunca gostei até prestar atenção nas letras. Não pude acreditar no que lia. Não sabia que alguma banda tão próxima de mim poderia ser capaz de ir tão longe com seus devaneios. Lavagens cerebrais recordando metáforas de Pink Floyd. Lobotomias seqüenciais no MP3 enquanto me dirijo à sala de embarque.
A Medusa é só um espelho que posso ou não conquistar ao longo da minha trajetória neste mundo fenomênico. Enquanto não decido isso, vou continuar curtindo minhas merecidas férias. Herança de Getúlio Vargas.